Faltando duas semanas para o primeiro turno das eleições de 2022, membros do Partido Democrático Trabalhista (PDT) publicaram um manifesto em defesa da candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. Divulgada neste sábado, 17, a carta pública intitulada de “Manifesto Trabalhista” fala em repúdio aos “ataques orquestrados” à campanha majoritária do partido, descarta a existência de uma racha interna e reforça apoio irrestrito ao ex-governador do Ceará, inclusive reiterando as críticas mais recentes feitas pelo candidato ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de quem Ciro Gomes foi ministro da Integração Nacional do Brasil entre os anos de 2003 e 2006. “Não se tratam de ataques, mas de fatos fundamentados, por mais duro que seja aceitá-los”, afirma o texto, que contrasta, no entanto, com a posição de membros históricos da legenda. Entre outras coisas, a manifestação pública também minimiza a existência de uma “ala brizolista” decepcionada com Ciro Gomes e repudia o que chamam de uso da imagem de Leonel Brizola, fundador da legenda, para promover ataques ao ex-ministro
“Brizola morreu rompido com o Lula e o Partido dos Trabalhadores (PT). E deu seu último voto ao Ciro”, disse Nathália da Silva, organizadora do manifesto e filiada ao PDT de Pernambuco, em entrevista ao portal da Jovem Pan. “Por isso, não achamos de bom tom, em nome de uma campanha eleitoral, utilizar seu nome em vão, para atacar nosso companheiro de partido, Ciro Gomes, e questionar sua candidatura. (…) Tais posicionamentos [contra a candidatura do partido] são arbitrários e totalmente individualistas, dado que o nome do Ciro foi aprovado por unanimidade em convenção nacional”, diz ainda o manifesto, assinado por nomes como Juliana Brizola, Mário Hering, deputado federal e presidente do PDT-MG, e Antônio Neto, presidente do PDT-SP. Em último caso, o manifesto assinado por “grandes admiradores de Brizola e seguidores dos princípios do partido” também lembra que é proibida a prática de “dupla militância” pelos filiados, segundo o estatuto pedetista. Ou seja, é vedado acordos que contrariem interesses da legenda. “Ciro Gomes não é dono do PDT, mas representa hoje o PDT na disputa presidencial, quem for contra essa decisão é contra o partido, e deveria deixá-lo”, diz a mensagem, assinada por cerca de 1.300 filiados, até a publicação desta reportagem.
O manifesto deste sábado é uma resposta à carta pública divulgada na última quinta-feira, 15, por dissidentes do PDT que falam em voto útil no primeiro turno das eleições – marcado para 2 de outubro – e defendem o apoio à campanha de Lula como uma “necessidade histórica”. “Lamentamos ver Ciro Gomes, uma figura ímpar para pensar o desenho institucional do país, ser incapaz de enxergar essa quadra da história. Diante disso, convocamos militantes trabalhistas e dissidentes a apoiarem o ex-presidente Lula no primeiro turno”, diz o texto. Como a Jovem Pan antecipou, o documento deve ser lido na próxima quarta, 21, durante evento no Sindicato dos Engenheiros do Rio de Janeiro, que reunirá quadros históricos da legenda em defesa do “voto consciente” em Lula ainda no primeiro turno. “Nós que apoiamos Ciro entre 2016 e 2019 clamamos a aqueles que possuem a mesma visão a não vacilarem, apoiando a única candidatura capaz de derrotar o bolsonarismo já no primeiro turno”, diz o documento, que expõe a divisão dos pedetistas na reta final da campanha à Presidência.
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