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Papa deixa Indonésia após missa para 100 mil fiéis e fortalece diálogo com o Islã




O papa Francisco concluiu, nesta quinta-feira (5), sua visita à Indonésia com uma missa para cerca de 100 mil fiéis e com milhares de pessoas que se aglomeraram durante sua passagem para o saudar, em um dia em que também relançou o diálogo com Islã e outras religiões para ajudar a resolver conflitos e combater a destruição ambiental. “Como está narrado nos Atos dos Apóstolos, o que aconteceu em Jerusalém no dia de Pentecostes, continue fazendo barulho de alegria. Não deixe de fazer barulho!”, foi assim que o papa se despediu na missa de Jacarta de quase 60 mil fiéis lotaram o estádio Gelora Bung Karno, enquanto outros 40 mil acompanharam a missa nos telões em outro estádio adjacente.

Apesar do calor e da umidade, o papa viajou em um papamóvel por mais de 45 minutos cumprimentando os fiéis nos dois estádios. Depois da missa, passou outro tempo cumprimentando os fiéis, enquanto no caminho para a nunciatura, onde está hospedado, parou várias vezes o carro para abençoar as crianças. Os fiéis católicos, que representam 3,1% deste país de maioria muçulmana – cerca de 8 milhões – vieram de todas as paróquias da Indonésia, muitas delas da ‘católica’ Flores, com uma das mais importantes comunidades do país, mas também de Papua, vestidos com seus trajes típicos. Eles receberam o pontífice cantando e gritando com seus coros e seu “Viva o Papa”.

Como Paulina Dessy Wulandari, 39 anos, seu marido Krisanto Grahadi, 37, e seus filhos Stevie, 6, e Abigail, 2, que esperavam há várias horas a chegada do papa com suas camisetas brancas combinando. “No meu local de trabalho é plural, não há apenas católicos. E os meus colegas pensam que o papa traz a paz. Portanto, não há um único sentimento negativo em relação a ele. Portanto, ele é um portador de paz”, disse Krisanto. “Rezamos por ele todos os domingos durante a missa. Portanto, a sua visita é uma bênção para nós. Estou muito grato por ele ter vindo aqui. É uma bênção que a partir deste momento possamos mostrar que a Indonésia é um país pluralista, um país de paz e harmonia. O Santo Padre também é uma pessoa muito humilde, com base nos valores que ele traz, podemos usá-lo como exemplo para nossos filhos”, acrescentou Dessy.

Uma das imagens deixadas pelo último dia do papa em Jacarta foi o beijo que o grande imã da mesquita Istiqlal, Nasaruddin Umar, deu na cabeça de Francisco, enquanto o pontífice respondeu beijando-lhe a mão várias vezes. Gestos que precederam as palavras e com a assinatura de uma declaração na qual pedem aos representantes das religiões a ajudarem a resolver conflitos e a enfrentar a destruição ambiental. A assinatura ocorreu durante o encontro inter-religioso realizado em um espaço externo da mesquita Istiqlal, a maior do Sudeste Asiático. O documento de Istiqlal, inspirado no ‘Documento sobre a Fraternidade Humana’ assinado pelo papa e pelo grande imã de Al-Azhar, em Au Dhabi, aborda “as duas graves crises” que o mundo enfrenta: “a desumanização e as mudanças climáticas”.

E é feito um apelo ao diálogo inter-religioso “como uma ferramenta eficaz para resolver conflitos locais, regionais e internacionais, especialmente aqueles causados pelo abuso da religião”. É feito um apelo “a todas as pessoas de boa vontade, para que atuem com decisão na preservação da integridade do ecossistema e seus recursos herdados das gerações anteriores, que esperamos transmitir aos nossos filhos e netos”. Do país com maior número de muçulmanos, Francisco viajará amanhã para Papua-Nova Guiné, país com maioria cristã, para continuar sua viagem na qual visitará também Timor Leste e Singapura.

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